De O PROGRESSO DE TATUÍ - A Associação dos Artistas Plásticos de Tatuí e Região começa 2014 com um desafio. Formada por grupo de artistas que queriam projeção para as artes visuais, a entidade segue no décimo ano de funcionamento em processo de reestruturação que começa pela busca por nova sede e continua com a renovação da atual diretoria.
O prédio que até então abrigava as atividades da entidade foi desocupado. Em dezembro do ano passado, a associação deixou o espaço que pertence ao Lar São Vicente de Paulo por questões financeiras.
A diretoria não conseguiu recursos para manter o aluguel do imóvel, o barracão que fica na rua Professor Francisco Pereira de Almeida, 303.
No início do mês passado, houve a retirada dos equipamentos e materiais utilizados pelos associados para exposições, palestras e workshops para a entrega do prédio à administração do asilo.
A diretoria atual, que tem como presidente Raquel Fayad, informou que está avaliando “as possibilidades”. São cogitadas parcerias com a Prefeitura (para uso de parte do Centro Cultural Municipal) e com a Fatec (Faculdade de Tecnologia) “Professor Wilson Roberto Ribeiro de Camargo”.
Neste último caso, a vinculação depende de autorização do Ceeteps (Centro Estadual de Educação Tecnológica “Paula Souza”).
Conforme Raquel, a falta de espaço físico não impede que a entidade realize eventos, como exposições, debates, capacitações, entre outras. Segundo ela, a entidade não paralisou as atividades, apenas está em fase de mudança do sistema de operação.
Oficializada em 2003 como Amart, a associação surgiu em 2001 por conta de um movimento criado pelos artistas plásticos. Até aquele ano, eles participavam de exposições esporádicas. Em geral, na Praça da Matriz, por ocasião do aniversário do município.
“Nós nos encontrávamos lá, esporadicamente, e apresentávamos uma ou outra obra para as pessoas que passavam pelo local”, relembrou Cláudio Camargo, um dos primeiros integrantes da antiga UniArt (União dos Artistas Plásticos de Tatuí) – embrião da Amart.
Durante as mostras, o grupo de expositores passou a discutir mais o “papel” da arte. Foi então que os artistas tiveram a ideia de se unir para criar uma instituição. “Cada um de nós tinha um material farto. Fomos entrando em contato uns com os outros e nos fortalecendo”, contou.
A troca de ideias ganhou “forma” com apoio de personalidades como Carmelina Monteiro, Domingos Jacob Filho (Mingo Jacob) e Marli Fronza. Raquel também acompanhou o processo de transformação da proposta em ação prática. A UniArt, porém, durou poucos anos.
“Os artistas foram se desinteressando, porque nós não registrávamos uma evolução”, comentou Carmelina. De acordo com ela, as intenções não se concretizaram em ações, o que desmotivou o grupo.
Para que ele não se desfizesse, em 2003, mesmo apresentando dívidas, Raquel sugeriu que a instituição mudasse de nome e de conceito. Nascia a Amart. O nome escolhido em votação foi sugerido por Marli.
“Nosso objetivo era levar isso adiante. Aí, foram sanadas as dívidas que tínhamos e chamadas outras pessoas para participar”, revelou Carmelina.
De acordo com ela, daquele ponto em diante, permaneceram “somente os artistas que tinham vontade de continuar”.
Na época, como não possuía sede, a diretoria da Amart fazia encontros e eventos na casa de seus membros. Camargo, Carlota Franco e Roberto Miranda foram alguns dos artistas que cederam espaço para a instituição.
Outros membros também emprestaram as moradias para que a instituição pudesse caminhar, caso de Raquel. A artista plástica transformou-se na primeira presidente – e voltou a ocupar o cargo anos depois.
Formada em educação artística em Blumenau, no Estado de Santa Catarina, Marli integrou-se à Amart depois de se mudar para Tatuí. Ela veio ao município para estudar flauta transversal no Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”.
As aulas com Terezinha Pinto levaram-na a ter contato com os outros artistas. “Fui em busca de pesquisas, quando encontrei Rafael Sangrador, que, na época, veio dar aula de desenho na antiga Asseta”, disse.
Os estudos de aprimoramento e a interação com a classe artística aproximaram-na da UniArt. Na ocasião, o intuito da entidade era formar um grupo de artistas para “falar de arte”. “Era como se fosse os coletivos que estão surgindo nos dias de hoje”, descreveu a artista.
Segundo ela, a associação passou a se tornar desinteressante para os artistas por conta de questões burocráticas. “Havia muitos trâmites e as reuniões ficavam muito em cima de como se resolveriam as questões. A coisa foi rolando num ponto que, para não perdemos a união, eu, Raquel e Roberto Miranda seguramos a onda”, disse.
Em dez anos, a entidade conseguiu firmar-se no circuito cultural local, regional e estadual. Transformou-se, em 2010, em ponto de cultura do Estado de São Paulo, ação considerada prioritária do programa “Cultura Viva”.
Antes, havia instituído o Encontro de Artes Visuais “TatuiArt” e possibilitado o desenvolvimento de seus membros mais atuantes. “A gente estava tateando, na verdade. Eu estava começando com desenho, a Raquel e os outros, também. O objetivo era formar um espaço para que o artista não ficasse isolado. E conseguimos”, disse Marli.
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