segunda-feira, 12 de agosto de 2013

poesia: Entre Danças e Cores

Odimar Martins

E a menina que habita o corpo de mulher
não se distingue, apenas se agarra
à essência humana do seu ser,
do só,
do solo.

E ela se olha, e encontra a atriz.
Uma com as cores do palco,
a outra, com os tons dentro de si,
do tom,
do todo.

E seus pés são pedaços de giz,
a riscar o mover em nossos olhos,
em nosso olhar de aprendiz,
do bom,
do plano.

E as mãos são fios e os braços, lâminas,
brilhos que cortam como poemas,
aço forjado no gelo e nas chamas,
do frio,
do fogo.

E o tempo flutua e o segundo emana,
e o contraste da silhueta se congela,
no inexplicável da superfície plana,
do voo,
do louco.

E o vento é um tecido azul e raro
ao se mostrar vivo e coberto
pela anatomia de um ser delicado,
do céu,
do colo.

E a dança é um clamor dos tecidos
é o deslocar que oxigena os sentidos
é um sussurro contente nos ouvidos,
do som,
do alvéolo.

E os pés da bailarina tocam o tablado gris,
fazendo pulsar para o coração da sapatilha
as cores das vestes a misturar ao verniz,
do chão,
do solo.

3º lugar nos Concursos Paulo Setúbal  modalidade poesia

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