O jornal Integração noticiou em sua página do Facebook a aquisição da coleção do jornal comarca de Tatuhy, doada pela família do jornalista João Padilha, profissional que militou na imprensa tatuiana na primeira metade do século XX. A doação foi feita pelas suas filhas Esther e Lygia Padilha, residentes em Tatuí. O jornal “Comarca de Tatuhy” pertencia ao político tatuiano Laurindo Dias Minhoto. A primeira edição foi lançada em Tatuí no dia 2 de outubro de 1907, com circulação semanal até 5 de fevereiro de 1911.
A coleção de João Padilha, toda encadernada pelo artesão Fábio Caresia, compõem-se dos jornais “Cidade de Tatuhy”, “Comarca de Tatuhy”, “Ridendo”, “O Commercio” e “Jornal de Tatuhy”. Depois dessas aquisições, a direção do Jornal Integração ainda conseguiu as edições completas dos jornais “Frente Popular” e “A Verdade”, de grande importância histórica e que circularam em Tatuí no final da década de 50 e início de 1960.
Na edição de número 1, a publicação mostra o tom combativo do jornal e o editor afirma que “a necessidade de um saneamento moral na administração pública e de repressão aos desatinos consequentes determinou o nosso aparecimento, como é geralmente sabido”. E, na mesma página, com o título “Aguenta Povo!…”, o “Comarca de Tatuhy” questiona o posicionamento político de seu concorrente, o jornal “Cidade de Tatuhy”, que defende as ideias de outro grupo político na cidade.
O jornalista João Padilha militou na imprensa por mais de trinta anos, sendo fundador de três jornais que circularam na cidade entre os anos de 1920 e 1940. Com participação ativa nos veículos de comunicação e sendo proprietário de uma gráfica, ao longo dos anos colecionou jornais que circularam nessa época em Tatuí. Com sua mudança para São Paulo, para trabalhar na Secretaria de Estado da Fazenda, o jornalista guardou este rico acervo histórico em sua residência, no Bairro Previdência, próximo ao Caxingui. Após sua morte, a Família Padilha, muito ligada aos familiares do jornalista José Reiner Fernandes, resolveu doar este rico acervo histórico ao Jornal Integração.
JORNAIS ANTIGOS DE TATUÍ
Jornal “Cidade de Tatuhy”
Fundação: 10 de janeiro de 1899 (dez anos após a Proclamação da República). Os proprietários eram A. Porto e A. Pereira. Este jornal teve um grande período de circulação. Com 1407 edições, circulou até 13 de julho de 1924. Neste ano, seu diretor-gerente era Antonio Pereira Fiúza e o jornal se posicionava como “Órgão do Partido Republicano Oposicionista local”.
Jornal “Comarca de Tatuhy”
Fundação: 2 de outubro de 1907. Era seu redator-proprietário o dr. Laurindo Dias Minhoto, advogado militante na Comarca. O último número, em poder do Jornal Integração, é o 173, datado de 5 de fevereiro de 1911. Nesta edição, na primeira página, Manoel Guedes Pinto de Mello e outros signatários recomendavam o dr. Laurindo Dias Minhoto para deputado estadual, nas eleições de 24 de fevereiro de 1911.
Jornal “Ridendo”
Fundação: 1º de janeiro de 1923. A gerência era de Alfredo Vanni e tinha como redator o jornalista João Padilha. A última edição, de número 127, de 9 de agosto de 1925, é dedicada inteiramente à Santa Casa de Misericórdia. Nesta edição, o jornal classifica uma apreciação do dr. Ulysses Barbuda como “opinião valiosa pela prática do dr. Ulysses em matéria hospitalar”. Em outra página, da mesma edição, consta o Projeto da Santa Casa e uma citação relevante a Carlos Orsi. Diz o jornal “é a Carlos Orsi que nós devemos quase inteiramente a construção da Santa Casa”.
Jornal “O Commercio”
Fundação: 1º de janeiro de 1927. O diretor é o jornalista João Padilha e o jornal circulou semanalmente até 18 de dezembro de 1927, com 48 edições. Esta publicação, em seu último número, faz campanha em prol do Asilo São Vicente de Paulo. E o jornalista João Padilha, em seu editorial, afirma: “Compete, finalmente, à Diretoria do Asilo empregar seus esforços no sentido de cooperar com a boa vontade do povo na obra de reerguimento da querida associação de Tatuhy”.
“Jornal de Tatuhy”
Fundação: 3 de novembro de 1929. O redator era João Padilha e o diretor Pedro Voss Filho. Na primeira edição, o jornal dá destaque ao “Dever da Imprensa”. Em matéria assinada por Chichôrro Netto, o articulista lembra que “A imprensa deve ser a verdade que dissolve a máscara doirada de valores falsos e lança o cautério da crítica severa em todas as chagas que não permitam à nossa Terra e à nossa Gente o envolver tranquilo e forte para a máxima grandeza moral, intelectual e material, fastígio de perfeição, preciosa esperança de Tatuhy”. Este semanário circulou até 26 de julho de 1931. Antes de sua derradeira edição, no número 74, de 3 de maio de 1931, o “Jornal de Tatuhy”ostenta a manchete: “Com imponentes festas foi inaugurado oficialmente o Ginásio do Estado em Tatuhy”. E, no canto superior da página, a publicação enaltece: “A imprensa local foi um grande baluarte na realização do sonho tatuiense, sendo justo que se destaquem os nomes de João Padilha, Sílvio Azevedo, Oscar Mota, Pedro Voss Filho, Camilo Vanni, Florindo Vanni, Lázaro Maria da Silva”. Este jornal circulou até 19 de maio de 1935, sob a direção do jornalista João Padilha e redator Oscar Augusto Silveira da Mota. E uma discreta nota de pé de página, revela: “Prefeitura – Em substituição ao sr. João Gandara Mendes foi nomeado prefeito de Tatuhy o sr. Firmo Vieira de Camargo”.
Jornal “Frente Popular”
Fundação: 2 de novembro de 1958. O proprietário é Pedro de Campos Camargo e na sua equipe de redatores constam José Coelho de Almeida, José Tomaz Borges e Francisco Garcia Bittencourt. Na primeira edição, uma nota revela que “Desligado do Jornal de Iperó, sai hoje, com nova feição o nosso jornal “Frente Popular”, movimento de renovação política, fundado em 27 de dezembro de 1954”. Esta publicação defendia a liderança do ex-prefeito Olívio Junqueira. Este político ocupou a prefeitura por dois mandatos, entre 1957/1960 e 1977/1982. Na última gestão de Junqueira, o Jornal Integração, fundado em 24 de dezembro de 1975, posicionou-se como ferrenho opositor ao modelo de gestão implantado no município pelo então inquilino do “Palácio das Mangueiras”.
Jornal “A Verdade”
Fundação: 20 de agosto de 1959. O diretor-responsável era o professor Francisco Roedas e redator Pedro de Alcântara Kalume. Na época, o município de Tatuí era dividido em distintas alas políticas, compostas pelo junqueirismo e lisboismo. Em suas primeiras edições, a publicação mostra a intenção de apoiar João Lisboa para prefeito de Tatuí. “A Verdade” não possuía periodicidade regular. João Lisboa vence a eleição de 1959, com um combativo quadro de redatores formado por Alcir Menezes da Silva, Maria José Pascoal, Paulo Ribeiro, Waldomiro Bosso e Pedro de Alcântara Kalume. Este último é advogado trabalhista militante e, atualmente, defende professores do Conservatório em ações que tramitam na Vara do Trabalho. Na derradeira edição, número 48, de 13 de agosto de 1961, “A Verdade” estampa a manchete: “Encampação da Cia. Luz e Força de Tatuí”. O texto informa que o município de Tatuí, através do Decreto 50.122, assinado pelo Ministro Senador Barros de Carvalho, passa a ser servido pela USELPA. Na época, a falta de energia elétrica foi a bandeira política de João Lisboa para se eleger prefeito de Tatuí.
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