A Cia. de Teatro e o Grupo de Choro do Conservatório de Tatuí transformam o conto popular “O Casamento de Dona Baratinha” num espetáculo didático que une música e artes cênicas. Voltado ao público infanto-juvenil, o espetáculo tem estreia oficial neste domingo, 16, com duas sessões gratuitas, às 17h e 19h, no Teatro Procópio Ferreira (Rua São Bento, 415). Ingressos podem ser retirados na bilheteria, momentos antes das apresentações.
Com texto de Pedro Murad e direção de Carlos Doles, a produção de “Um Choro para Dona Baratinha” envolve cerca de 40 pessoas, entre atores, músicos e equipe técnica. Indicado para todas as idades – em especial o público de 5 a 12 anos, o espetáculo é o primeiro trabalho em conjunto da Cia. de Teatro e do Grupo de Choro do Conservatório de Tatuí, dois dos mais importantes grupos da instituição.
A produção de “Um Chorinho para Dona Baratinha” no Conservatório de Tatuí foi iniciada em 2011, quando o dramaturgo Pedro Murad foi contatado pelo coordenador do Grupo de Choro, Alexandre Bauab Jr. “Vi a produção do espetáculo no Rio de Janeiro e imaginei que ele seria ideal para unir o grupo de choro aos atores do setor de artes cênicas. O Pedro Murad autorizou a utilização do texto e, pela primeira vez, vamos apresentar um musical didático, com arranjos e concepção cênica do Conservatório de Tatuí”, disse ele.
A preparação para a performance exigiu meses de preparação e ensaio. O espetáculo inclui clássicos do choro, como obras de Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth, apresentados para crianças com letras atuais. No programa do espetáculo, estão as obras “Atraente” e “Gaúcho” (de Chiquinha Gonzaga), “Batuque” (de Henrique Alves de Mesquita), “Dionísio, Olha o Baixo!” (de Candido Pereira da Silva), “Nostalgia de Plutão” (de Cícero Telles de Menezes), “Brejeiro” (de Ernesto Nazareth), e “Flor Amorosa” e “Lundu Característico” (de Joaquim Callado). As composições são apresentadas pelo Grupo de Choro do Conservatório de Tatuí, que divide o palco com os atores.
O resultado do trabalho deve agradar não só os pequenos, como também os pais. A ideia é conquistar as crianças com uma história já conhecida, despertando o interesse do público para um espetáculo diferenciado, além de divulgar o gênero musical brasileiro.
Além das músicas, oito no total, a produção inclui cenário ambientado nas décadas de 20 e 30 (época áurea do Choro no Brasil) e figurinos cuidados, destacando as características animalescas das personagens.
Apesar de modificada, a referência ao clássico infantil permanece. A história do “Casamento da Dona Baratinha” é a mesma, mas a trilha sonora, com certeza, é muito mais divertida.
O espetáculo conta a história de dona Baratinha que, rica e solteira está decidida a casar. Em busca de um companheiro ela sai pela floresta à caça do marido ideal. Cinco pretendentes aparecem. Para impressionar a protagonista, eles vão incorporar “vícios morais” e falar de vaidade, ganância, amizade e amor. O roteiro também aborda valores como honestidade, caráter, respeito e amizade.
Segundo o diretor Carlos Doles, a partir de questões suscitadas pelos atores e direção durante o processo de pesquisa e estudo do texto, surgem as motivações estéticas que impulsionam a montagem. “Primeiro a trilha sonora, que já nos transporta para um clima de elegância, nostalgia e delicadeza. A suavidade e molejo propostos por choros clássicos nos remetem a uma outra época. Segundo pelas próprias indicações do texto, que trata, essencialmente, da busca de um amor verdadeiro, esbarrando nas questões clássicas do relacionamento humano: inteligência, beleza, poder, dinheiro, amor entre outras”, afirma ele, que destaca a opção pelo impacto visual do espetáculo e pela humanização das figuras, tendo o choro e sua história como norteadores.
“Tivemos a contribuição essencial do figurinista Carlos Agostinho e do cenógrafo Jaime Pinheiro, que acompanharam de perto os processos de pesquisa e montagem do espetáculo. Partindo da ideia do processo colaborativo na construção estética da peça, chegamos a um apurado e interessantíssimo plano de figurino e cenário”, inicia ele. “Os figurinos partem essencialmente de duas bases: o charme das décadas de 20 e 30 e as características animalescas das personagens. O cenário parte da ideia da urbanização e das características das personagens. Por meio de um cenário repleto de recortes, de fragmentos de espaços, e até fragmentos dessas figuras, emite-se uma opinião própria que mescla tempos idos com questões pungentes da vida contemporânea e da velocidade e fragmentação das informações”, destaca o diretor.
Elenco
No elenco estão Dalila Ribeiro (Baratinha), Leonardo Thim (Grilo), Hugo Muneratto (Boi), Adriana Afonso (Burro), Lucas Fernandes (Pavão), Carlos Ribeiro (Ratão), Willian Priante (Dono do Café), Daniele Silva e Fernanda Mendes (Periquita), Fernanda Mendes, Rogério Vianna (Sapo), Nathalie Abreu (Aranha), Rafael Maffi (Urubu), Roberta de Avilla (Marreca), Gabriela Brancalhão e Thais Almeida (Joaninha). A preparação corporal e coreografias são de Ludmila Castanheira; os figurinos, de Carlos Agostinho (com costura de Maria José da Silva e adereços de Valdirene Ricci); o cenário é de Jaime Pinheiro e alunos da oficina de cenografia; e a iluminação, de Marcos Caresia.
O Grupo de Choro do Conservatório de Tatuí é formado por Alexandre Bauab Jr. (coordenação e Violão 7 Cordas), Altino Toledo (bandolim), Marcelo Gonçalves (cavaquinho), Everton Rodolfo Campos (flauta transversal), Conrado Bruno de Oliveira (trombone), Rodrigo Moura e Elisangela Araujo da Silva (percussão).
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