O andarilho que estava internado no Hospital Beneficência Hospital de Cesário Lange deverá passar por cirurgia na Santa Casa de Tatuí. Depois de muitos pedidos e tentativas, o homem, ainda sem identificação,conseguiu internação na unidade desde o último dia 7.
O paciente ficou mais de 40 dias à espera de uma vaga em hospital que tivesse condições de realizar o procedimento necessário para corrigir uma fratura na perna. O homem foi atropelado em 26 de abril e fraturou a tíbia da perna direita. A tíbia é o osso que fica abaixo do joelho, da perna direita. O procedimento é mais complexo e a unidade médica de Cesário Lange não tinha condições de realizá-lo, por isso, foi pedida a transferência.
A cirurgia de alta complexidade deveria ser realizada no Hospital Regional de Sorocaba, mas o caso foi rejeitado e, como um dos médicos da Santa Casa de Tatuí ficou sensibilizado, o chefe do setor de ortopedia decidiu fazer o procedimento, mesmo o hospital não sendo credenciado para o tipo de cirurgia.
O caso do andarilho sem identificação foi mostrado em reportagem da TV TEM e publicado pelo G1 Itapetininga e Região no último 5 de junho. De acordo com o diretor clínico do hospital de Cesário Lange, Orley Alceu Camargo, e que também é diretor técnico da Santa Casa de Tatuí, o paciente conseguiu transferência depois da reportagem. “Depois da reportagem inicial, aconteceu o seguinte: a Central de Regulação de Oferta de Serviço de Saúde (CROSS) encaminhou novamente o paciente ao pronto-socorro de Tatuí. A partir daí, o médico ortopedista ficou sensibilizado com o caso e vai fazer essa cirurgia”, explica.
Mas para que ocorra a cirurgia, o paciente primeiramente precisará passar por um tratamento por causa de escaras, lesões na pele devido ao tempo que passa deitado. “Isso deve durar entre 15 e 20 dias. Depois, ele vai ser submetido aqui com todos os custos cobertos pela Santa Casa. Essa cirurgia não é realizada aqui normalmente, só em casos excepcionais como este”, diz o Camargo.
Denúncia ao MP
O paciente ficou mais de 40 dias na Santa Casa de Cesário Lange aguardando uma vaga para poder ser feita a cirurgia. Como ele não tem identidade e também não sabe informar quem é, não conseguia transferência.
Ao ver a situação do paciente e o descanso dos órgãos públicos em apoiarem o tratamento, a enfermeira Cristiane Aparecida Arruda Machado denunciou o caso Ministério Público. Segundo a funcionária, vários pedidos de transferência foram feitos para a Central de Regulação de Vagas do estado de São Paulo. Nos dois hospitais disponíveis, em Tatuí e Sorocaba, nenhum médico queria atender o caso. "Eu acho que isso aconteceu porque ele é um desconhecido", comenta.
Atualmente, a assistente social da Santa Casa de Tatuí, Micheli Gibin Vaz, também dá apoio ao paciente. Ela registrou boletim de ocorrência para que a polícia possa ajudar na busca pelos parentes do homem. Segundo a funcionária, ele vai precisar de apoio depois da cirurgia. “Pessoas que tiveram parentes desaparecidos estão vindo para tentar reconhecê-lo, mas até agora sem sucesso. A gente pede ajuda para a população que divulgue e venha fazer o reconhecimento”, comenta.
O trabalho de busca pela identidade do andarilho começou em Cesário Lange, também por meio da assistência social. Lá, o paciente recebeu a visita de uma freira do Rio de Janeiro que pode ser a irmã dele. Foi colhido material genético para análise, mas o resultado ainda não ficou pronto.
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