domingo, 12 de maio de 2013

Mãe faz faxinas para bancar sonho de ver a filha se formar maestrina

Aparecida ajuda a filha a manter estudos no Conservatório de Tatuí

Luana Eid
Do G1 Sorocaba e Jundiaí

Andressa faz curso de bombardino no Conservatório de Tatuí (Foto: Arquivo pessoal)

Entre vassouras, espanadores, baldes e produtos de limpeza, a diarista Aparecida Ângela da Luz Vieira passa a semana sonhando com o dia em que vai ver a filha à frente de uma orquestra. Ela faz a limpeza de casas e consultórios de Sorocaba (SP), de segunda a sexta-feira, e trabalha como cozinheira, nos sábados e domingos, com um único objetivo: bancar os estudos da filha Andressa de Góes Vieira. A jovem de 20 anos sonha em ser maestrina.

No quarto ano do curso de bombardino do Conservatório de Tatuí, Andressa tem o apoio da mãe para custear os estudos. Apesar do curso na instituição - referência em música no estado de São Paulo - ser de graça, a jovem precisa de auxílio no transporte, por exemplo. Ela mora em Salto de Pirapora e tem que viajar para estudar. Além disso, Andressa também faz faculdade de música.
Aparecida apoia a filha com os custos da faculdade e transportes (Foto: Arquivo pessoal)

A mãe conta que desde os nove anos a menina se interessa pela música, influenciada pelo trabalho voluntário que Aparecida fazia na banda marcial de Salto de Pirapora (SP). "Desde que ela me disse que tinha sonho de ser maestrina, eu luto por ela. Um dia vai acontecer. Quando estou cansada do trabalho pesado, imagino Andressa à frente de uma orquestra, e isso me anima na hora", projeta a mãe. A filha mais velha de Aparecida já se formou em Jornalismo, também com o apoio da mãe.

"O resultado vem com o passar do tempo. Eu quero que minhas filhas possam oferecer aos filhos delas tudo o que eu não pude proporcionar", completa a mãe, que falou com o G1 durante um raro momento de descanso, entre uma faxina e outra.

Apesar da prioridade ser os estudos da filha, a diarista de 50 anos mantém o sonho de fazer uma faculdade. Já chegou a passar no vestibular do curso de alimentos, mas não deu continuidade por dificuldades financeiras. "Eu tenho essa vontade de me formar, e um dia sei que vou conseguir, mas por enquanto quero me dedicar para que minhas duas filhas possam andar com suas próprias pernas", diz Aparecida. "Muita gente me diz que, depois de criadas, as meninas têm que casar e ter filhos. Mas eu acho que, antes disso, elas precisam ser independentes, ter sucesso no que amam."

Para Andressa, o apoio da mãe, tanto financeiro quanto emocional, é o principal responsável pelos mais de dez anos dedicados à música. "Todo mundo lá em casa me apoia, mas minha mãe é a principal. Ela dá o sangue para que eu continue na música. Às vezes nós brigamos, como toda mãe e filha, mas eu sempre tenho em mente que ela pega no pesado para me ajudar. Um dia eu vou chegar lá, e vai ser graças a ela", comenta a jovem.

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