Do G1 Itapetininga e RegiãoA lei estadual que proíbe motociclistas permanecerem com capacetes ao entrarem em comércio e em repartições públicas é aprovada por comerciantes de Tatuí.
A nova determinação foi publicada no "Diário Oficial do Estado de São Paulo" no último 13 de março, mas o prazo de adaptação é de 60 dias, portanto, a partir de maio ela será efetivamente aplicada.
A medida foi criada com o objetivo de reduzir o número de assaltos a comércios onde os ladrões agem usando capacetes e em motocicletas. A gerente de posto de combustíveis, Maria Aparecida Camargo, ressalta que está otimista com lei. Ela afirma que o local onde trabalha já foi alvo desse tipo de crime. “O motociclista chegou, desceu da moto e não tirou o capacete. Ele foi até o caixa e fez o roubo ameaçando a funcionária que estava lá. Agora, quando a gente vê um motoqueiro chegando, já ficamos apreensivos. Não sabemos a reação. Com essa lei, acredito que vai ser muito bom”, diz.
O empresário Denivaldo Ruiz também aprova a lei. Ele tem uma loja de equipamentos eletrônicos em Tatuí e se diz preocupado com os roubos promovidos por pessoas usando capacetes. “As pessoas podendo entrar com capacete ou qualquer cobertura na face, pegar um produto e sair. Agora com a lei, a gente pode pedir para a pessoa tirar e saber quem é que está dentro da loja. Já por meio do sistema de segurança que as lojas implantam fica mais fácil identificar o suspeito de qualquer ato que tenha acontecido dentro do estabelecimento. Para nós comerciantes é um alivio”, ressalta.
De acordo com a presidente da Associação Comercial de Tatuí, Soraya Manna, no município existem aproximadamente 600 lojas cadastradas. Para a representante dos lojistas, a mudança vai ser positiva. “Eu acho que vai ajudar na segurança de todo mundo. Não só dos lojistas, mas também dos clientes que estão dentro das lojas”, comenta.
Os comerciantes têm até maio para fixarem placas nos comércios indicando o número da lei e a proibição.
MotociclistasEntre os motociclistas, a lei divide opiniões. O vigia Noel Soares conta que está acostumado a ir aos locais usando capacete, principalmente, nos postos de combustível para abastecer o veículo. Ele afirma que aprova a lei e vai tentar se adaptar. “Acho que trará mais segurança para quem trabalha, mas eu ainda acho que no começo os frentistas vão ter que lembrar a gente da lei. A gente vai esquecer de tirar o capacete quando chegar para abastecer”, diz.
A multa para quem descumprir a regra será de R$ 500, mas a fiscalização ainda depende de regulamentação. O mototaxista Edson Soares da Silva não concorda com a medida e acha que é necessária uma adequação. Para ele, a exigência até mesmo dificulta a locomoção. “É muito trabalho. Imagine...você tem que parar, desengatar a moto, tirar o capacete, colocar no braço, empurrar a moto até a bomba, desligar a moto, abrir o tanque e descer da moto. É muito complicado. É mais fácil chegar, encostar a moto, abrir o tanque, descer da moto e aí você tira o capacete. É mais simples”, opina.
CriminalidadePara o delegado da Polícia Civil de Itapetininga, Marcus Tadeu Cardoso, a medida é importante, pois deve auxiliar o trabalho policial uma vez que garante a identificação dos motociclistas e daqueles que utilizam as motos quando entrarem em qualquer estabelecimento comercial. “É notório o uso de capacetes dentro das lojas facilita muito o crime. O acessório que deveria ser um equipamento de segurança obrigatório e eficaz passa a ser usado como uma mascara. O autor do crime se esconde com o objetivo de dificultar a sua identificação”, diz.
O delegado ainda recomenda que, em caso de pessoas que permaneçam com capacete nas lojas, o comerciante deve conversar com o motociclista. “Disso depende a segurança do estabelecimento. A lei na realidade deve ser fiscalizada por todos, pela comunidade como um todo. Ela vai contribuir e muito para aumentar a sensação de segurança”, destaca.
Já no caso de roubos, Cardoso alerta que as vítimas de roubos não devem reagir a qualquer tipo de ação “Seja o crime cometido por pessoa usando capacete ou qualquer outro criminoso. A recomendação sempre é deixar que o criminoso pratique o roubo, depois acionar a Polícia Militar o mais rápido possível para que se iniciem as investigações logo após o crime. Essa comunicação rápida facilitar a prisão do autuado. Mas reagir, nunca. Essa recomendação é importante porque, infelizmente, muitas vezes o preço que se paga com essa reação é a própria vida... um custo muito caro para a sociedade”, alerta.