Do G1 Itapetininga e Região
A Polícia Civil de Tatu investiga a possível omissão de socorro da clínica de recuperação onde um interno foi espancado até a morrer na noite de domingo 14. De acordo com o delegado Alexandre Andreucci, que concluiu as investigações que levaram à prisão de outros dois internos, o procedimento da clínica está sendo apurado.
Conforme o delegado, o interno José Antonio de Moraes Neto, 38, teria sido espancado dentro de uma sala de meditação, local onde portas e janelas possuem grades e trancas. A clínica fica no bairro Guarapó, na zona rural de Tatuí. Ele conta que Neto havia dado entrada na clínica naquele mesmo dia. Ele foi colocado na sala, com mãos e pés atados, com outros três internos. Dois deles foram presos acusados de praticar o espancamento. Eles estão detidos em uma cadeia da região e podem pegar até 30 anos de prisão.
Conforme as investigações, Moraes Neto estaria medicado no momento em que chegou à clínica. Durante a noite, porém, ele estaria agitado e impedido que as demais pessoas da sala dormissem. “Ele gritava, tentando se levantar. Dois dos internos teriam colocado um travesseiro sobre a cabeça dele e agredido-o até a morte. Acredito que por também estarem em tratamento talvez tivessem perdido a noção da gravidade do espancamento”, comentou o delegado.
Após espancá-lo, os internos teriam colocado o rapaz de volta na cama, como se estivesse dormindo. Ele só foi levado ao pronto-socorro por volta das 11h.
“Estamos investigando se a clínica poderia ter sido omissa em não prestar socorro ao paciente e se o procedimento de manter uma sala com características de cela é permitido em estabelecimentos como esse”, disse o delegando Andreucci em entrevista ao G1 Itapetininga hoje, segunda-feira 22. “Os funcionários da clínica alegam não terem ouvido o espancamento e por conta do rapaz ter sido transferido na noite anterior, resolveram deixá-lo dormir até mais tarde.”
A conclusão das investigações levou 17 horas, tempo considerado recorde pelo delegado Andreucci. Ele afirma que o interrogatório dos acusados, ambos em tratamento por uso de drogas, teria durado cerca de seis horas. Um deles teria confessado o crime.
O delegado afirmou que todos os documentos e alvarás de funcionamento da clínica estão em dia. A unidade tem sede em Bragança Paulista. O homem assassinado havia sido transferido da cidade de Bragança para Tatuí para o tratamento de desintoxicação.
Procurada pelo G1, a administração da clínica informou que seguirá orientação de advogados e não irá comentar o caso.
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