quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Ministro tatuiano Celso de Mello vai se aposentar

Do Jornal Floripa

Fim do mistério: Celso de Mello, o mais antigo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), vai mesmo se aposentar. E fala pela primeira vez sobre o assunto. "É uma ideia que eu agora acolho com naturalidade."

Na sexta (17), ele celebra 23 anos de corte - tomou posse no dia 17 de agosto de 1989, indicado pelo ex-presidente José Sarney. Aos 66 anos, 44 deles no serviço público, poderia ficar ainda mais quatro no tribunal, retirando-se aos 70 anos. Mas recebeu um sinal amarelo dos médicos: trabalhando 14 horas por dia e dormindo apenas três, poderia "pifar".

Decano do STF, ele se transformou em referência e é hoje um dos ministros mais respeitados pelos colegas, procuradores e advogados. Não se envolve em polêmicas. Pouco sai de casa. No caso do mensalão, não desgruda os olhos dos advogados dos réus. Anota tudo e diz estar "com a cabeça totalmente aberta" para ouvir tanto defesa quanto acusação. Mas prefere, neste momento, não se alongar sobre o tema.

Na quarta-feira, depois de mais uma sessão, ele falou com exclusividade à coluna em seu gabinete.

Folha - Afinal, o senhor vai ou não se aposentar? As informações já publicadas são desencontradas.
Celso de Mello - Essa era uma ideia que eu repelia liminarmente. Mas agora ela me ocorre e eu já venho aceitando. É possível então que logo, logo, eu me aposente.

Quando?
Talvez no início do ano que vem. Não é uma decisão já tomada. É um processo ainda em curso.

Mas por que, se o senhor ainda teria quatro anos de tribunal?
Estou com problemas na coluna e na perna. Sou obrigado a fazer pequenos percursos de carro. Às vezes, mal consigo ficar em pé. Tenho dores e logo preciso me sentar. Tanto é que eu nem saio [das sessões de até seis horas em que os advogados dos réus do mensalão defendem seus clientes]. Prefiro ficar o tempo todo lá.

Segue recomendação médica?
Em dezembro do ano passado, na posse da ministra Rosa Weber no Supremo, minha pressão foi lá em cima. Fui ao médico, que me disse que era preciso reduzir o ritmo. Nos últimos dois anos, tenho trabalhado 14 horas por dia e dormido apenas três. Não tem sentido. Então a aposentadoria é uma ideia que eu agora acolho com naturalidade. Já não a rejeito liminarmente. Ao contrário.

E por que o senhor não estabelece um prazo?
Porque, como eu já disse, é um processo em andamento. Primeiro tenho que definir o que vou fazer antes de sair do Supremo. Hesito em levar a cabo logo a decisão porque não saberia ficar parado.

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