Prédio construído em 1909 serviu de apoio na Revolução Constitucionalista
O centenário prédio da EMEF “João Florêncio”, grupo escolar mais antigo de Tatuí e municipalizado no ano de 2005, será reinaugurado nesta sexta-feira, dia 15, com uma solenidade especial, a partir das 16h, com a presença do prefeito Luiz Gonzaga Vieira de Camargo. O imóvel, tombado pelo Condephaat estadual (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) e pelo Conselho Estadual de Educação foi totalmente restaurado.
A obra custou R$ 1.694.720,25. Os recursos foram provenientes do Governo do Estado. O imóvel que abriga a EMEF “João Florêncio”, construído em 1909, é um dos quatro imóveis educacionais tombados pelo Condephaat estadual, diante sua importância histórica. Os outros três estão em Sorocaba, Peruíbe e Mococa. O projeto original do prédio é do arquiteto Manoel Sabater. “O restauro da escola João Florêncio garantiu a preservação de sua arquitetura e traços originais”, destacou o prefeito Luiz Gonzaga Vieira de Camargo.
Segundo o historiador Renato Ferreira de Camargo, o porão da EMEF “João Florêncio” funcionou em 1932, durante a Revolução Constitucionalista, como abrigo de tropas paulistas. No prédio, também funcionou uma enfermaria, que atendeu aos combatentes paulistas na revolução.
A secretária Marisa Fiúza Kodaira destaca que o projeto do arquiteto Manuel Sabater é característico do modelo pedagógico adotado durante a Primeira República. O modelo de um pátio central e clara distinção entre a circulação de professores, meninos e meninas. O pátio central permite que as salas de aula se organizem ao seu redor, através de uma circulação avarandada.
A escola atende a 450 alunos, do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. Ali também funciona o Projeto “Mais Educação”, com 120 alunos, e existe uma moderna Sala de Recursos Multifuncionais que atende 30 alunos.
Um pouco de história
Segundo o livro “Ilustres Cidadãos”, de Renato Ferreira de Camargo e Christian Pereira de Camargo, João Florêncio de Salles Gomes nasceu em Tatuí, no dia 3 de setembro de 1886. Filho de Francisco de Salles Gomes e Ana Lillian Kenworthy. O primogênito de Salles Gomes, João Florêncio, teve vida curta (33 anos), pois morreu vitimado pela gripe espanhola. João Florêncio iniciou seus estudos médicos na Faculdade de Medicina da Bahia, concluindo seus estudos no Rio de Janeiro, onde teve como colega e grande amigo seu futuro cunhado, Abílio Martins de Castro. Discípulo dileto de Vital Brazil Mineiro da Campanha, havia feito após sua formatura o famoso “Curso de Manguinhos”. Dedicou sua existência à Parasitologia e, particularmente, à Herpetologia. Homem de trabalho de campo peregrinou através o Brasil à busca de cobras, principalmente, as venenosas. Não obstante à sua curta existência deixou farta contribuição à descrição e classificação de novas espécies de cobras brasileiras. Organizou o Museu Ofiológico deLa Plata, a convite do governo argentino. Foi colaborador, admirador e admirado por Emile Brumpt, primeiro professor de Parasitologia na então nova Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo. Entre outros estudos foi seguramente o primeiro a investigar a jararaca ilhoa (Bothrops insularis), animal hoje de extraordinário interesse zoológico. Morreu nomeado, mas não empossado, como Diretor do Instituto Butantã, em substituição ao seu mestre, Vital Brazil Mineiro de Campanha. Sua prematura morte consternou o então micro-mundo científico de São Paulo. Tudo o que foi dito sobre João Florêncio, pós-mortem, está registrado nos Anais Paulistas de Medicina e Cirurgia. Bem revelam o apreço e o conceito que era tido entre os seus colegas. Seu retrato figura no Museu do Ipiranga,em São Paulo. Em Tatuí, o primeiro grupo escolar público leva seu nome. João Florêncio de Salles Gomes, médico notável, faleceu em 29 de maio de 1919.
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