quinta-feira, 17 de maio de 2012

Cavaleiros do interior se preparam para a 7ª Tropeada Paulista

Passeio começa nesta sexta-feira (18), de Itararé a Sorocaba
Tatuí recebe a tropa no dia 24 no recinto do Lar Donato Flores


Do G1 Itapetininga e Região

Cavaleiros e muladeiros na 6º Tropeada, em 2011,entre Itararé e Sorocaba. (Foto: Divulgação)

Os descendentes de tropeiros e admiradores dessa cultura estão contando as horas para começar a 7ª Tropeada entre Itararé (SP) e Sorocaba (SP). O passeio, que revive a rota que os tropeiros faziam, trazendo mulas e cavalos do sul até Sorocaba, na famosa Feira de Muares, é organizado por uma associação que tenta reviver a emoção vivida por eles.

A saída está marcada para esta sexta-feira (18), às 9h, do Centro de Tropeiros de Itararé, um local que antes abrigava uma estação de trem e se transformou em um espaço que homenageia a cultura tropeira. De acordo com Orlando Montenegro, presidente da Associação Intermunicipal Caminho Paulista das Tropas, já está tudo pronto. Nesta quinta-feira (17), a cidade de Itararé começa a receber as comitivas do interior paulista.

Segundo Montenegro, a tropeada será feita em 10 dias, chegando para o desfile em Sorocaba no domingo (26). "A saída deve ter 200 cavaleiros, chegando em Sorocaba com uns 400, ou até 500", explica que durante o percurso, outros tropeiros vão se juntando à tropa. É esperado em Tatuí (SP), a junção de um grupo grande de cavaleiros vindos da região de Botucatu. "Esse é o primeiro ano que vamos receber um ramal (grupo de outras localidades). A cada ano, a procura em participar cresce e já tem projeto para acrescentar mais dois ou mais ramais no ano que vem, saindo de Capão Bonito, São Miguel Arcanjo, Conchas e Itaberá".

O presidente conta que cada comitiva é responsável pelo seu grupo, e todas têm seus próprios carros de apoio. Nas cidades em que os cavaleiros vão parar para descansar, almoçar ou dormir, as fazendas onde irão se alojar irão fornecer a alimentação, mas no caso em que não houver, eles terão condição de preparar suas refeições. "Os caminhões de apoio devem levar as cozinhas portáteis deles para prepararem uma típica comida tropeira", relata.

O grupo terá o apoio da Polícia Rodoviária em trechos que precisem percorrer por rodovias. A maior parte do trajeto, de 360 km entre as duas cidades, é de estradas de terra e vicinais, cortando áreas rurais.

Orailson Pereira Tortelli é o secretário da associação, mas até a véspera da tropeada, pois quando chega o dia, deixa a função de lado e resgata os valores herdados da família. "Meu pai é muladeiro (cavalga em mula), minha família tem raízes do campo. Cresci com essa cultura", e conta que seu capote e chapéu já estão prontos. Para ele, esse evento é essencial para resgatar um pouco da cultura tropeira.
Clima de amizade marca o evento durante os dez dias de cavalgada. (Foto: Divulgação)

Quando perguntado o que não pode faltar para um bom tropeiro, ele responde: "Apetrechos para cavalgar, um animal saudável para aguentar o trajeto e uma boa pinga, para manter animado", brinca. Ele comenta que alguns também levam uma mochila com café e chimarrão, além de objetos pessoais.

Ansioso com o passeio, está preocupado com o frio. "Tentamos marcar a tropeada em uma semana que não chova, mas é difícil prever isso. E essa época é de muito frio", mas a receita para espantar essa adversidade é "uma boa roda de amigos, uma fogueira, café bem quente. Nas rodas de prosas, tem cada mentiroso que até espantam o frio", conta rindo das histórias dos companheiros, como de assombrações e saci. Tortelli conta que participou das sete edições e afirma que "é emocionante. Quem nunca participou, se vier, quer voltar. Tem criança, mulheres, senhores, famílias participando. Além das amizades, tem muito negócio. é gente trocando coisas o tempo todo, como se fazia há 300 anos", argumenta.

Durante os pousos dos cavaleiros e muladeiros, não falta moda de viola, cururu, contos e mentiras. "É gostoso. Tem gente que vem da grande SP, e até de outros estados, como Minas Gerais e Paraná. Eu recomendo.", finaliza.

A tropeada vai passar por 12 municípios paulistas. Segundo o presidente da Associação, Orlando Montenegro, no ano passado participaram cerca de 4 mil cavaleiros e muladeiros do desfile, no último dia da semana do tropeiro, em Sorocaba. O Dia do Tropeiro é comemorado em todo o estado no dia 22 de maio.

Confira o trajeto da 7ª Tropeada Paulista de Itararé a Sorocaba (De 17 a 26 de maio):
Dia 17 (quinta-feira)
Recepção das comitivas na cidade de Itararé

Dia 18 (sexta-feira)
Partida da 7ª Tropeada Paulista de Itararé a Sorocaba
Desfile das Tropas
Pouso na Fazenda Gamelão no Município de Itaberá

Dia 19 (sábado)
Almoço na Fazenda Ermelino Maschetto na cidade de Itapeva
Pouso no Rancho dos cavaleiros e muladeiros de Itapeva

Dia 20 (domingo)
Almoço na cidade de Taquarivaí
Pouso no Recinto de Festas do Município de Buri

Dia 21 (segunda-feira)
Almoço na Fazenda Araruna no Município de Buri
Pouso no Bairro da Pescaria no Município de Itapetininga

Dia 22 (terça-feira)
Almoço no Bairro de Viracopos no Município de Itapetininga
Pouso no Recinto da Expoagro em Itapetininga
Comemoração do Dia Estadual do Tropeiro

Dia 23 (quarta-feira)
Almoço no Município de Alambari
Pouso no Recinto de Festas no Município de Capela do Alto

Dia 24 (quinta-feira)
Almoço / Jantar / Descanso da tropa no Recinto Lar Donato Flores na cidade de Tatuí
Recepção das comitivas vindas do ramal Botucatu (Botucatu, Pardinho, Bofete, Conchas, Porangaba e Cesário Lange)

Dia 25 (sexta-feira)
Almoço no Centro de Eventos na cidade de Boituva
Recepção das comitivas de Piracicaba, Cerquilho, Porto Feliz.
Pouso na Fazenda Ipanema / Flona no Município de Iperó

Dia 26 (sábado)
Chegada da 7ª Tropeada Paulista no Largo do Divino na cidade de Sorocaba
Pouso e descanso da tropa no Parque Natural Chico Mendes em Sorocaba

Dia 27 (domingo)
Participação no desfile de encerramento da 45ª Semana do Tropeiro do Município de Sorocaba
Chegada da tropa em Sorocaba, em 2011, após 360 km de percurso. (Foto: Divulgação)

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