Atriz Vera Holtz em cena da peça "Palácio do Fim", com direção de José Wilker, em cartaz no Sesc Consolação
DE SÃO PAULO
Do UOL - Para aceitar o papel da ativista iraquiana Nehrjas Al Saffarh na peça "O Palácio do Fim", em cartaz no Sesc Consolação (centro de São Paulo), a atriz Vera Holtz hesitou bastante.
Segundo ela, a história da integrante do Partido Comunista iraquiano, submetida a uma série de torturas pelo regime de Saddam Hussein (1937-2006), não era fácil de enfrentar. "Chorava todas as vezes que lia o texto", conta.
Depois de alguns meses de "recusa", a intérprete resolveu aceitar o convite do diretor José Wilker. E sua marcante atuação lhe rendeu uma indicação ao Premio Shell-Rio --uma das quatro da montagem, que também concorre nas categorias direção, iluminação (para Maneco Quinderé) e figurino (Beth Filipecki).
Na montagem de Wilker para o texto da canadense Judith Thompson, os depoimentos da personagem Holtz se mesclam com os de Camila Morgado (que vive Lynndie England, oficial americana acusada pelo abuso de prisioneiros em Abu Ghraib) e de Antônio Petrin (na pele do inspetor britânico David Kelly, que relatou a inexistência de armas de destruição em massa no país). Os três são acompanhados de uma encenação simples e da iluminação certeira de Quinderá.
Na segunda metade do espetáculo, Holtz atinge o ápice de sua performance. Sentada em uma cadeira, ela relata torturas feitas a ela e a sua família. Um simples gesto de mão --que ela diz só ter "encontrado" nas últimas semanas de ensaio-- resumem de forma singela a dor pungente da personagem.
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