Foto: Kasuo Watanabe / Conservatório de Tatuí
Desembargador Fausto Martin De Sanctis prestigiou recital dos 11 estudantes do Conservatório de Tatuí que foram beneficiados pela ação da Justiça FederalUm recital dos 11 alunos que ganharam instrumentos musicais do Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos” marcou o encerramento, dia 14 de agosto, de evento realizado em conjunto pela escola de música de Tatuí, do Governo do Estado de São Paulo e pela Justiça Federal. Os novos instrumentos entregues aos alunos carentes pelo Conservatório foram comprados graças à doação de R$ 138 mil da Justiça Federal, quantia proveniente de acordo judicial de delação premiada.
No Teatro Procópio Ferreira, em Tatuí, o desembargador Fausto Martin De Sanctis – responsável pela doação – subiu ao palco para cumprimentar os beneficiados e assistiu atentamente ao recital. Ele participou também da palestra “O Magistrado e a Comunidade”, no Salão Villa-Lobos.
Os instrumentos adquiridos pelo Conservatório de Tatuí são de nível profissional e, em todos os casos, sonho de consumo dos músicos. Segundo o diretor-executivo do Conservatório, Henrique Autran Dourado, não existe um músico bom sem um instrumento de ótima qualidade. “São instrumentos muito valiosos, que os alunos só poderiam adquirir após tornarem-se profissionais”, explica Dourado.
A negociação para concretização da doação teve início em novembro de 2010, quando o então juiz da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo e o diretor-executivo do Conservatório de Tatuí participaram de evento realizado pela Secretaria de Estado da Cultura. Naquela ocasião, Dourado deu informações sobre a escola de música ao magistrado que, posteriormente, demonstrou interesse em efetivar a doação que beneficiasse alunos talentosos, mas que não tinham condições financeiras de possuir bons instrumentos. A oficialização da doação ocorreu em 10 de dezembro do ano passado.
“As doações em prol da comunidade começaram quando eu estava na 6ª Vara e dávamos cestas básicas às instituições de caridade. Contudo, queríamos mais e estas ações começaram a crescer. Se os assistidos forem bem atendidos, teremos menos problemas sociais”, contou De Sanctis. “Na verdade, as ações dos alunos permitiram isso, além da excelência do trabalho do professor Henrique à frente do Conservatório. Com poucas, mas suficientes conversas, ele me demonstrou a qualidade do Conservatório de Tatuí”, destacou o hoje desembargador do Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
Para a escolha dos 11 beneficiados, o núcleo de assistência social do Conservatório de Tatuí, a assessoria pedagógica e os coordenadores das áreas de música erudita analisaram as condições financeiras e o aproveitamento pedagógico dos alunos. Numa segunda fase, essa seleção foi feita em conjunto com a Justiça Federal.
De acordo com o termo de compromisso assinado entre aluno e Conservatório, a instituição estadual terá a guarda dos instrumentos, que serão emprestados condicionalmente até o término do curso. Ao se formarem no Conservatório de Tatuí, os estudantes terão a posse definitiva do equipamento por mérito e dedicação. Por outro lado, se for reprovado ou desistir do curso, perderá o direito ao instrumento. Em qualquer um desses casos, os instrumentos serão destinados, sob as mesmas condições, a outros alunos carentes.
Dentre os alunos contemplados com os instrumentos estava o tímido César Augusto Garcez, de 14 anos. Ele toca clarinete e executou a obra Caximbo, de K-chimbinho. “Quando eu soube que ganhei fiquei surpreso e ansioso. É uma motivação a mais para eu continuar estudando música”, conta. Além de Garcez, foram beneficiados com a ação da Justiça Federal Marcelo Pinto da Silva (contrabaixo), Cristiano Lourenço dos Santos (viola), Daniel Barbosa Soares (trombone), Diego Afonso Morales (saxofone), Jean Gerard (oboé), Paulo Roberto de Oliveira (tuba), Rafael Victor Frazzato Fernandes (violoncelo), Renan da Silva Sena (trompete), Tiago Caires da Silva (bombardino) e Wesley Alexandre Martins de Oliveira (fagote).
Justiça e Cidadania
Para discutir as ações da justiça que beneficiam a população, o Conservatório de Tatuí promoveu a palestra “O Magistrado e a Comunidade”, com a presença do desembargador De Sanctis e do juiz da comarca de Tatuí Marcelo Salmaso. Na ocasião, Salmaso assinou um convênio com a Fatec do município para que as máquinas caça-níqueis apreendidas fossem destinadas aos alunos do curso de tecnologia da informação, para o reaproveitamento dos componentes eletrônicos. Desta maneira, são construídos totens com acesso à internet e colocados em locais públicos da cidade.
“O objetivo principal da Justiça é condenar ou inocentar, mas também podemos ter outro foco(as ações judiciais que beneficiam a comunidade). Todos nós devemos valorizar a geração futura, mantendo um compromisso com o passado e o futuro”, afirma o desembargador De Sanctis. “Hoje vivemos um mundo novo, com problemas novos e precisamos de soluções novas, pois as antigas não são mais suficientes”, completou Salmaso.
Na palestra, o juiz de Tatuí destacou ainda os problemas enfrentados pela sociedade pós-moderna. Entre tantos, focou na cisão da relação entre pais e professores, além dos valores imediatistas dos jovens. Salmaso também defendeu o ensino da música como importante fator para a diminuição da criminalidade. “Os principais problemas com a criminalidade partem da educação. Os jovens atuais precisam de reconhecimento e desafios, e isso eles podem encontrar no mundo do crime. No entanto, na música temos o mesmo reconhecimento e desafio e é preciso esforço para chegar a algum lugar.”
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