Maurício Loureiro Gama – in memoriam
POR PAULO EMENDABILI SOUZA BARROS DE CARVALHOSA
Greves de categorias profissionais do setor público com conflitos de rua, na Grécia e Espanha, apontam para um único ponto. A dificuldade crescente de governos diante de um trem desgovernado em rota de colisão frontal com o forte endividamento público. A dívida soberana europeia, como um todo, acelera rapidamente.
A crise atinge Portugal, do qual se esperava no início de abril que construísse uma barreira contra o contágio financeiro na Península Ibérica. Isto não se verificou, acarretando o aumento do custo do dinheiro para a Espanha, que aumentou em meio aos rumores crescentes de que a dívida da falida Grécia não venha a ser reestruturada.
O congresso dos EUA negocia com o Executivo a licença para aumentar seu déficit público considerando que o endividamento norte-americano atingiu U$ 14,5 trilhões, superando a capacidade de pagamento dos títulos nas praças mundiais a partir de agosto. Nos EUA, a soma deste endividamento público com o do setor privado alcança impagáveis U$ 55 trilhões...
Ao contrário do que disse Lula, frente à crise de agora, Dilma não poderá apostar as fichas na tese da marolinha. A crise econômica e financeira de agora ameaça tomar proporções de tsunami. Os problemas da Europa se acentuaram em abril de 2010 quando a Grécia reconheceu que seu déficit era duas vezes maior do que anunciara antes, necessitando de mais 110 bilhões de euros da UE e do FMI. Portugal, Irlanda e Espanha passam também por severas dificuldades.
Ano passado criou-se o Centro Europeu de Instabilidade Financeira, instituindo-o com um fundo de 250 bilhões de euros, insuficientes para conter o dique rompido da vazão de recursos destinados a programas sociais compensatórios. Inegável a exclusão promovida por processos econômicos corporativos, que concentram lucros e renda em detrimento de significativas parcelas sociais. Daí, os crescentes e violentos conflitos de rua, a questionar não só o modelo econômico, mas o Estado e a democracia de parte de populações que encontram seus jovens desempregados em taxas superiores a 25%.
O Mecanismo Europeu de Estabilização, a entrar em vigor em 2013, dotado com 440 bilhões de euros para emergências parece inócuo para conter os ânimos, pela inflação de preços e restrições de crédito, colocando a Europa no centro do furacão que a todos pode machucar.
A crise de solvibilidade sistêmica do setor financeiro europeu poderá também arremeter contra o mundial, e, por conseguinte, contra a economia brasileira, desestabilizando-a. Primeiro, porque nossas reservas são prevalentemente em dólar. Segundo, porque a oferta ingente de dólar e euro é tamanha, que o preço das moedas tende a baixar a níveis insuportáveis para as nossas exportações. Terceiro, porque se a crise alcançar com força a economia norte-americana, eventual moratória dos EUA colocaria em cheque toda a economia global.
Traduzindo: retorno da inflação; juros em alta; retração da produção; desemprego crescente; contração das vendas, aumento da carga tributária, dado o forte endividamento público. Ou seja: Se Cassandra entrar vestida na crise, Afrodite não sai pelada no Carnaval...
Ponto final.
POR PAULO EMENDABILI SOUZA BARROS DE CARVALHOSA
Greves de categorias profissionais do setor público com conflitos de rua, na Grécia e Espanha, apontam para um único ponto. A dificuldade crescente de governos diante de um trem desgovernado em rota de colisão frontal com o forte endividamento público. A dívida soberana europeia, como um todo, acelera rapidamente.
A crise atinge Portugal, do qual se esperava no início de abril que construísse uma barreira contra o contágio financeiro na Península Ibérica. Isto não se verificou, acarretando o aumento do custo do dinheiro para a Espanha, que aumentou em meio aos rumores crescentes de que a dívida da falida Grécia não venha a ser reestruturada.
O congresso dos EUA negocia com o Executivo a licença para aumentar seu déficit público considerando que o endividamento norte-americano atingiu U$ 14,5 trilhões, superando a capacidade de pagamento dos títulos nas praças mundiais a partir de agosto. Nos EUA, a soma deste endividamento público com o do setor privado alcança impagáveis U$ 55 trilhões...
Ao contrário do que disse Lula, frente à crise de agora, Dilma não poderá apostar as fichas na tese da marolinha. A crise econômica e financeira de agora ameaça tomar proporções de tsunami. Os problemas da Europa se acentuaram em abril de 2010 quando a Grécia reconheceu que seu déficit era duas vezes maior do que anunciara antes, necessitando de mais 110 bilhões de euros da UE e do FMI. Portugal, Irlanda e Espanha passam também por severas dificuldades.
Ano passado criou-se o Centro Europeu de Instabilidade Financeira, instituindo-o com um fundo de 250 bilhões de euros, insuficientes para conter o dique rompido da vazão de recursos destinados a programas sociais compensatórios. Inegável a exclusão promovida por processos econômicos corporativos, que concentram lucros e renda em detrimento de significativas parcelas sociais. Daí, os crescentes e violentos conflitos de rua, a questionar não só o modelo econômico, mas o Estado e a democracia de parte de populações que encontram seus jovens desempregados em taxas superiores a 25%.
O Mecanismo Europeu de Estabilização, a entrar em vigor em 2013, dotado com 440 bilhões de euros para emergências parece inócuo para conter os ânimos, pela inflação de preços e restrições de crédito, colocando a Europa no centro do furacão que a todos pode machucar.
A crise de solvibilidade sistêmica do setor financeiro europeu poderá também arremeter contra o mundial, e, por conseguinte, contra a economia brasileira, desestabilizando-a. Primeiro, porque nossas reservas são prevalentemente em dólar. Segundo, porque a oferta ingente de dólar e euro é tamanha, que o preço das moedas tende a baixar a níveis insuportáveis para as nossas exportações. Terceiro, porque se a crise alcançar com força a economia norte-americana, eventual moratória dos EUA colocaria em cheque toda a economia global.
Traduzindo: retorno da inflação; juros em alta; retração da produção; desemprego crescente; contração das vendas, aumento da carga tributária, dado o forte endividamento público. Ou seja: Se Cassandra entrar vestida na crise, Afrodite não sai pelada no Carnaval...
Ponto final.
Copiado do jornal O Progresso de Tatuí, edição 5.529, edição de 26.06.2011
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