sexta-feira, 25 de março de 2011

Banco Itaú doa Steinway ao Conservatório de Tatuí




Os pianos Steinway apontam para um anacronismo único em nosso mundo moderno. A marca é absolutamente clássica entre pianistas e músicos do mundo todo. Na era em que a imagem do instrumentista é aliada à marca, 95% dos grandes pianistas da atualidade optam pela Steinway&Sons. O mestre Mozart, em carta de 17 de outubro de 1777 endereçada a seu pai diz, sobre os pianoforti fabricados por Stein: “qualquer que seja a maneira com que toco as teclas o som é sempre uniforme. Nunca é estridente, nunca é mais forte ou mais fraco ou inteiramente ausente. Em uma palavra, é uniforme”. Mais recentemente e na música “midiática”, o instrumento também foi o preferido de John Lennon, Diana Krall e Elton John tem o seu.

A introdução contextualiza a importância da doação oficializada neste mês de março pelo Banco Itaú – Família Setúbal ao Conservatório de Tatuí. Resultado de contato do diretor executivo Henrique Autran Dourado iniciado com o Itaú Cultural e finalizado com a família Setúbal, o piano Steinway Grand Concert D está no teatro “Procópio Ferreira” e integra o acervo de 71 pianos do Conservatório, 30 dos quais adquiridos nos últimos dois anos. Após quase 57 anos de funcionamento, o Conservatório de Tatuí passa a contar com a segunda unidade do modelo – o primeiro foi doado no ano de 2007.

A diferença entre o instrumento doado pelo Itaú e os demais não é somente o modelo da desejada marca. É a qualidade do próprio piano, avaliado pelos professores e pianistas Cris Blóes e Juliano Kerber, e cuja sonoridade foi elogiada.

“Desnecessário é dizer que seu uso será de extrema valia para solistas, professores e alunos, que finalmente poderão chegar ao tão ambicionado sonho de poder tocar em um Steinway de Concerto”, afirmou o diretor executivo Henrique Autran Dourado em carta agradecimento encaminhada a Alfredo Setúbal. Um concerto especial, com um solista de renome, deverá ser realizado para a inauguração solene do instrumento.

Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, afirmou após a montagem do instrumento no teatro do Conservatório de Tatuí: “ficamos felizes em saber da importância e do impacto positivo da nossa doação, principalmente se tratando dessa tão importante casa da arte e da música em nosso Brasil”.

O Conservatório de Tatuí foi escolhido pelo Banco Itaú para receber o instrumento por causa de sua excelência de ensino e seriedade na atuação cultural no país. Outra razão foi a ligação da família Setúbal, proprietária do banco, com o município. O patriarca Paulo Setúbal – romancista de sucesso e membro da Academia Brasileira de Letras – nasceu em Tatuí e muitas de suas obras têm a cidade como cenário.

Com a chegada do novo Steinway Grand Concerto D, novas possibilidades de estudos e apresentações se abrem ao Conservatório de Tatuí. Mais do que isso, a instituição amplia seu aparato instrumental e não seria exagero dizer, seu apelo sentimental. Afinal, conforme registrado na tese “O Intérprete-Pianista no Fim do Milênio”, apresentada por Silvio Ricardo Baroni como cumprimento do doutorado em artes na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (de cuja banca participou o diretor Henrique Autran Dourado), a ligação de um piano Steinway com os instrumentos é caso eterna: “morrerei com meu Steinway!”, afirmou Giuliano Montini.

Steinway & Sons

Steinway & Sons foi fundada em 1853 pelo imigrante alemão Henry Engelhard Steinway num galpão em Manhattan, Nova York. Henry era um mestre marceneiro especializado na fabricação de armários e construiu seu primeiro piano em 1836 na cozinha de sua casa em Seesen, Alemanha.

Quando fundou a Steinway & Sons, ele já havia construído 482 pianos. O primeiro produzido pela companhia, de número 483, foi vendido para uma família americana de nome Griswold, por quinhentos dólares e agora faz parte do acervo do Metropolitan Museum of Art de Nova York.

Durante os 40 anos seguintes, Henry Steinway, juntamente com seus filhos, desenvolveu o piano moderno. A metade das 114 patentes da companhia foram desenvolvidas durante aquele período.

Os projetos revolucionários e o acabamento excepcional da Steinway tiveram logo seu merecido reconhecimento. A partir de 1855 os pianos Steinway receberam medalhas de ouro em várias exposições nos EUA e na Europa.

A companhia conquistou reconhecimento internacional em 1867 na Exposição de Paris, sendo premiada com a prestigiosa medalha “Grand Gold Medal of Honor”, pela qualidade de seus projetos e de sua fabricação. Era a primeira vez na história que uma empresa americana recebia tal prêmio. Os pianos Steinway logo se tornaram os instrumentos preferidos pelos membros da realeza e conquistaram o respeito e admiração dos maiores pianistas do mundo.

Com o falecimento do patriarca Henry em 1871, os filhos C.F. Theodore e William assumiram a empresa. C.F. Theodore, talentoso pianista, ficou responsável pela parte técnica da fabricação dos pianos e conquistou 41 patentes para a companhia, sendo uma em 1875, pelo moderno piano de cauda concerto. Cinco anos mais tarde entrou em funcionamento a fábrica de Hamburgo, Alemanha, e foi inaugurada a Steinway Haus, loja varejista na mesma cidade; outra loja foi aberta em Berlim em 1909.

Hoje são fabricados, aproximadamente, cinco mil pianos Steinway (de cauda e verticais) por ano. Mais de 95 % dos grandes pianistas em atividade (cerca de 1300) e conjuntos de música de câmara do mundo inteiro têm o título de “Steinway Artist”. Nenhum pianista é pago para fazer propaganda dos pianos Steinway. Cada “Steinway Artist” possui seu próprio Steinway e escolheu se apresentar tocando preferencialmente em pianos Steinway.

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