Do jornal Democrata, de São José do Rio Pardo
2011.02.21 - A Câmara Municipal encaminhará Moção de Repúdio ao diretor do Conservatório Musical e Dramático de Tatuí. A manifestação de protesto, aprovada por unanimidade, foi inspirada pela sucessão de fatos – e muitos boatos – vistos e ouvidos nos últimos meses. Foi uma enxurrada de revelações, meias-informações e recados incompletos, quase tudo publicado sob responsabilidade de articulista deste DEMOCRATA, Álvaro Ribeiro de Oliveira Netto.
No centro dos confrontos, o diretor de Tatuí, Henrique Autran Dourado, e o gerente do Polo local, maestro Agenor Ribeiro Netto. O conflito se deu por interesses dos quais muitos ainda não revelados, mas teve início com uma manobra que objetivava, por mais que se tente negar, o desmantelamento do Polo local. Os alunos seriam remanejados para o Projeto Guri, onde música é lecionada com menores pretensões, quase como disciplina auxiliar. Isso não guarda a menor relação com os ensinamentos recebidos no Polo, em elevados níveis, com padrão de conservatório e objetivos de profissionalização. Para se dar uma ideia, 80% dos músicos que constituem a Osesp – Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo são formados pelo Conservatório de Tatuí. Não se pode duvidar do nível de excelência do aprendizado recebido no Conservatório, que chegou a ser destacado entre os melhores do mundo. Uma das dúvidas que não querem calar está sobre esse nível de excelência: ele ainda existe?
Não faltam informações sobre alterações radicais nos métodos pedagógicos adotados mais recentemente, que teriam provocado deterioração nos cursos e evasão de alunos – em Tatuí. A tal ponto de se promover exames de admissão no meio do ano letivo, para preencher as carteiras abandonadas.
Justamente nesse aspecto residem as maiores diferenças entre o diretor geral e o gerente local. Entre as muitas rusgas, declaradas ou veladas, está o inconformismo da sede com a suposta rebeldia da filial.
O que se viu é que, para esse embate à distância, o diretor geral arregimentou aliados em São José do Rio Pardo – apesar de jamais ter vindo à cidade –, nutrindo-os de informações privilegiadas, restando saber se são verdadeiras.
O Polo Avançado em São José do Rio Pardo é o único fora de Tatuí. Importante conquista apoiada por todos os políticos, mas que, inegavelmente, veio da inspiração e da persistência de Agenor Ribeiro Netto. Esse seu desejo contaminou quem tomou a decisão final em favor da vinda do Polo, o maestro Antonio Carlos Neves Campos, então diretor e ícone do Conservatório, um benfeitor para a causa. Fizeram ótimo trabalho. Formaram músicos hoje profissionais. Os resultados se proliferaram exponencialmente para muitas cidades desta e de outras regiões. E não é esse o objetivo do empreendimento?
Mas, mudou a Direção Geral e as relações se estremeceram. O Conservatório de Tatuí, apesar de subordinado a uma entidade privada, recebe quase todos os seus recursos financeiros – mais de R$ 23 milhões/ano – do Estado. A Secretaria da Cultura tomou conhecimento dos fatos e intercederá, com a preocupação de poupar a instituição de maiores desgastes. Tem poderes suficientes para exigir o desfecho mais justo e adequado, após analisar todos os aspectos e apurar as verdades.Por ora, resta aguardar.
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