Do jornal O Progresso de Tatuí
Duas suspeitas de dengue foram notificadas em Tatuí neste ano. Uma delas já foi descartada e outra terá a definição após o resultado do exame. Segundo a enfermeira da Vigilância Sanitária, Elis Lúcia Diniz Menezes Bueno, o exame foi enviado a Sorocaba quarta-feira, 26, e deve ficar pronto durante esta semana. Elis afirmou que os sintomas indicam que seja, provavelmente, dengue ou leptospirose.
Segundo a Vigilância Sanitária, o paciente é um homem de 38 anos, residente em um bairro pertencente a Tatuí. As suspeitas são de que ele tenha ficado doente no local onde mora, e uma das possíveis causas seria a enchente lá ocorrida nos últimos dias.
Segundo Luis Felipe Oliveira Rosa, responsável pelo IEC (Informação, Educação e Comunicação) da Dengue, quando os sintomas são prontamente comunicados pelo paciente, o trabalho de combate pode ser feito com mais rapidez.
Oliveira Rosa conta que, ao receberem a notificação de uma suspeita, os agentes de combate à dengue tomam atitudes com relação à pessoa afetada e ao local em que ela mora. “Eles fazem um bloqueio na região em um raio de 200 metros da casa do indivíduo, o que corresponde a nove quarteirões. Os agentes visitam as casas para eliminar os criadouros e orientar a população”, explica.
A notificação tardia, além de atrasar esse trabalho, também dificulta a detecção do período de viremia, que corresponde a seis dias, sendo um antes do dia inicial dos sintomas e cinco após ele.
Outro problema se dá quando a pessoa que reclama dos sintomas não menciona que esteve em outra cidade. “Como ainda não temos nenhum caso confirmado este ano, não podemos ter a certeza da existência do vírus aqui. Se a pessoa esteve fora da cidade, aí temos que fazer um trabalho específico”, afirma Oliveira Rosa.
Ele explica que, nesse caso, o indivíduo é orientado a não sair de casa durante o período de viremia. “Apesar de não haver confirmação de mosquitos infectados na cidade, há o problema de ele picar alguém que possa ter trazido o vírus de fora. Por isso, recomenda-se que a pessoa fique em casa e que o local tenha os criadouros eliminados”.
Nesta época do ano, os trabalhos de combate à doença são intensificados. Dados da Vigilância Epidemiológica revelam que, em 2010, a cidade teve sete casos autóctones (contraídos na cidade), todos no período de janeiro a maio.
Além do calor e das chuvas, que ajudam a acelerar o ciclo evolutivo do mosquito, neste período, há as férias e o Carnaval, quando aumentam os números de viagens e as possibilidades de casos importados. Os dados da Vigilância também apontaram que, só no ano passado, foram confirmados 19 casos dessa procedência.
Segundo Oliveira Rosa, geralmente, a região mais procurada pelos tatuianos que desejam viajar é o litoral, área que ele considera com um alto índice de contágio. Outras cidades do Estado que ele afirma apresentarem risco maior são Araçatuba e São José do Rio Preto.
A ADL (avaliação de densidade larvária) confirmou a existência de larvas e do mosquito Aedes aegypti. Porém, ainda não é possível afirmar se há vírus. Mesmo assim, Oliveira Rosa ressalta a importância da eliminação dos criadouros. “O mosquito é o vetor da doença, ou seja, é o responsável por transmitir o vírus. Ainda que não haja a confirmação da existência dele, deve-se retirar a água parada, pois, por mais que o mosquito pique, ele não terá onde botar os ovos”, esclarece.
Além do processo de prevenção - que compreende a eliminação de criadouros, bem como a conscientização da população para impedir que eles se formem -, outra ação de combate é a nebulização, somente realizada quando há a confirmação da doença.
A agente de combate Cláudia de Fátima Soares afirma encontrar muitos pontos de risco de procriação do mosquito na cidade, e que os casos mais frequentes são os de água parada em pneus e pratinhos de vasos de planta. Ela diz que muitas pessoas não recebem com “boa maneira” as orientações dadas pelos agentes. “Os moradores têm dificuldade de entender. Muitos não aceitam a visita ou não dão muita atenção”.
Cláudia considera que não há um ou outro bairro com foco maior de criadouros e que o problema acontece independentemente de classe social. “Em bairros mais carentes, por exemplo, é mais comum encontrar caixas d’água abertas. Já em bairros de pessoas com maior poder aquisitivo, encontramos piscinas descuidadas”.
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