O Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos” de Tatuí, uma instituição mantida pelo Governo do Estado de São Paulo, recebeu no mês de dezembro uma doação de instrumentos musicais da Justiça Federal. A iniciativa foi do renomado juiz Fausto Martin de Sanctis, juiz federal que atualmente responde pela 6ª Vara Federal Criminal Especializada em Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e Lavagem de Valores. O valor de R$ 125.882,78, doado para aquisição de instrumentos a 11 alunos de diferentes áreas da escola de música, foi apreendido em operações judiciais.
A doação ocorreu por meio de um encontro do juiz com o diretor executivo do Conservatório de Tatuí professor-doutor Henrique Autran Dourado. Eles estiveram, no mês de novembro, num evento social realizado na Secretaria de Estado da Cultura no qual se realizaram apresentações de alunos do Conservatório de Tatuí. Naquela ocasião, o professor Henrique apresentou a instituição ao magistrado. Em conversas posteriores, o juiz demonstrou o interesse em efetivar a doação de instrumentos a alunos carentes e talentosos e, ainda, se interessou em realizar uma visita à escola de música, luteria e artes cênicas no próximo ano de 2011.
No dia 10 de dezembro, o professor Henrique encontrou com o juiz para a oficialização da doação. Em documento em que pede a ciência do Ministério Público Federal, o juiz justifica seu projeto de doação de instrumentos musicais para alunos carentes e talentosos. “São alunos regularmente matriculados que comprovadamente não possuem instrumentos próprios ou que os dispõem, porém não se encontram em condições de uso. São alunos que, de acordo com o histórico escolar, demonstraram bom ou ótimo aproveitamento no ano de 2010”, cita-se no documento.
“Fundamenta-se, ainda, o projeto, na afirmação de que a intimidade do músico com o seu instrumento é vital para o seu desenvolvimento pleno e também parte importantíssima de sua jornada rumo à profissionalização. Levando em conta o relevante trabalho executado pelo Conservatório, destino a verba de R$ 125.882,75 para a aquisição dos instrumentos.”
O juiz pediu para não ter seu nome divulgado, mas o professor Henrique acha que uma ação dessas não pode passar sem que se saiba seu autor: ele conta que foi obra do doutor Fausto Martin de Sanctis, a quem “o Brasil admira pelo exemplo na perseguição ao crime de colarinho branco”.
A assistência social do Conservatório de Tatuí, a assessoria pedagógica e os coordenadores das áreas de música erudita efetuaram a análise de carência e aproveitamento pedagógico dos alunos. Numa segunda fase, a seleção dos alunos ocorreu em conjunto com a Justiça Federal. Ao final do processo, foram indicados os estudantes César Augusto Garcez (clarinete), Cristiano Lourenço dos Santos (viola de arco), Daniel Barbosa Soares (trombone), Diego Afonso Morales (saxofone), Jean Gerard (oboé), Marcelo Pinto da Silva (contrabaixo), Paulo Roberto de Oliveira (tuba), Rafael Victor Frazzato Fernandes (violoncelo), Renan da Silva Sena (trompete), Tiago Caires da Silva (bombardino) e Wesley Alexandre Martins de Oliveira (fagote).
“Reconhecendo a importância do trabalho do Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos de Tatuí e a necessidade dos alunos indicados, inclusive com a comprovação de que se tratam de pessoas carentes, registrados junto à instituição e com aproveitamento satisfatório, conforme documentação arquivada em secretaria, justifica-se a destinação da verba”, afirmou o juiz..Na última semana de dezembro, a transferência do valor será realizada e terá início a aquisição dos instrumentos, todos de marcas reconhecidas e qualidade comprovada. “Muitos dos instrumentos são semelhantes aos adquiridos pelo Conservatório de Tatuí para seu acervo e utilização”, disse o professor-doutor Autran Dourado. “São instrumentos de qualidade inquestionável, algo que esses alunos levariam muito tempo para poder adquirir e que irão auxiliar diretamente em seu aprendizado.”
O Conservatório de Tatuí terá a guarda dos instrumentos, que serão emprestados condicionalmente a esses alunos até o término do curso. Ao se formarem no Conservatório de Tatuí, eles terão a posse definitiva do instrumento pela dedicação.
Outros critérios também foram estabelecidos no mesmo projeto organizado pelo juiz. Se o aluno for reprovado, perderá o direito ao instrumento. O mesmo ocorrerá se desistir do curso. Em qualquer um desses casos, os instrumentos serão destinados, sob as mesmas condições, a outros alunos carentes.
Um termo de compromisso foi elaborado para que os alunos o assinem. Nele, o aluno se comprometerá a cuidar bem do instrumento recebido inicialmente a título de empréstimo, cientes de que deverão continuar a se empenhar nos estudos, bem como de que, em caso de reprovação ou desligamento, reverter-se-á o empréstimo/doação.
“Estamos satisfeitos pelo reconhecimento ao trabalho desenvolvido pelo Conservatório de Tatuí e imensamente felizes pela possibilidade de dar a esses alunos melhores condições de estudos”, destacou o diretor Autran Dourado, articulador da doação efetivada pela Justiça Federal.
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