Um erro no reconhecimento levou uma família de Tatuí a enterrar por engano um desconhecido no lugar de um parente. O erro ocorreu no feriado de terça-feira, 12, Dia de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, e está causando problemas a Marcos Ribeiro Rodrigues. O suposto morto teve de comparecer, na manhã de sexta-feira, 15, à Delegacia Central para retificar o boletim de ocorrência, registrado por seus familiares.
A confusão teve início quando Isabel Cristina de Miranda, prima de Rodrigues, recebeu a notícia de que ele havia sido atropelado. “Moro na rua onde o carro atropelou uma pessoa. O carro de uma funerária foi na minha casa, guiado por uma vi-zinha que mora acima”, contou Miranda. Na ocasião, ela soube que o corpo do primo estaria no pronto-socorro, aguardando o reconhecimento. “Me perguntaram se eu tinha um primo e deram as características físicas da pessoa que havia morrido depois de ser atropelada. Me espantei e fui com o pessoal da funerária ao ambulatório”, contou.
Nervosa, a prima de Rodrigues dirigiu-se até o pronto-socorro, acompanhada da vizinha. No meio do caminho, ficou sabendo que a vítima do atropelamento - que poderia ser seu primo - havia falecido em decorrência das gravidades dos ferimentos. “Eu nunca passei por isso, fiquei muito nervosa. Quando abriram a porta, o corpo estava todo coberto, dos pés à cabeça. Apenas o rosto foi descoberto, e eu estava nervosa. Ai, então, acabei achando que era o meu primo mesmo”, explicou.
Miranda contou ainda que “entrou em desespero e começou a chorar” quando soube, pela funerária, que seu suposto primo seria enterrado como indigente. “Os pais dele estão mortos, mas eu disse que não aceitava que o enterrassem como indigente, pois ele tem irmãos. Disse que daria um jeito de enterrá-lo”, afirmou. Depois de conversar com funcionários da funerária, a prima conseguiu um prazo de quatro dias para que o funeral fosse realizado. “Ja era noite, eu sozinha fui atrás de meu irmão para que ele me ajudasse a encontrar os irmãos do meu primo”, lembrou Miranda.
Como a família de Rodrigues reside em Iperó, a prima teve de contar com a ajuda de outros parentes para “localizar todo mundo”. “Minha filha tem um amigo lá (em Iperó) que encontrou o irmão do meu primo”, disse. Em Tatuí, o irmão também teria, “sob forte emoção”, reconhecido a vítima como sendo Rodrigues. Na sequência, houve o velório e o enterro.
O suposto falecido soube, na rua, que tinha sido dado como morto. Em seguida, dirigiu-se até a casa da prima para “avisar que estava vivo”. No meio do caminho, foi reconhecido por um membro de uma igreja que ele frequentava. “Essa pessoa ligou para mim, para perguntar se ele tinha falecido mesmo. Me disse que estava vendo ele. Na hora, pensei que estava louca”, falou Miranda. Ela comentou que só se convenceu de que o primo estava vivo depois que conseguiu falar com ele, por telefone.
A família adiantou à reportagem que está decidindo se retira ou não o morto, agora desconhecido, do jazigo. Já Rodrigues vai ter de provar, na Justiça, que está vivo. Isso porque seus parentes já providenciaram sua certidão de óbito. Conforme explicou o delegado do 2º Distrito Policial, para aonde o caso foi encaminhado, Paulo César Tolentino, Rodrigues teve de fazer uma retificação do boletim de ocorrência, mencionando que não teria sido a vítima. Em outras palavras, Rodrigues vai ter que provar que não está morto. Ele também terá de acionar o cartório de registro civil para cancelar a certidão de óbito expedida em seu nome.
Do jornal O Progresso de Tatuí, edição 5.463, de 17.10.2010
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