O PROGRESSO DE TATUÍ - A perfuração encontrada no corpo carbonizado, que a Polícia Civil acredita ser da professora desaparecida Maria Angélica Alves de Oliveira, não foi originada por um tiro. É o que revelou, nesta semana, o delegado titular do município, José Alexandre Garcia Andreucci, que auxilia a DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Piracicaba no esclarecimento do caso do desaparecimento da educadora, ligado ao encontro do corpo no dia 29 do mês passado.
Segundo Andreucci, um exame de raio-x revelou que a vítima não levou tiro, como se pensava até então. “Quando o corpo foi encontrado carbonizado, existia um furo na região do peito que se assimilava a um disparo”, contou. O corpo foi localizado no carro de Maria Angélica, um Celta, encontrado pegando fogo numa estrada rural do bairro Cerrado, distante 30 quilômetros do centro de Piracicaba. No automóvel, os policiais piracicabanos encontraram o notebook da professora, recém-comprado, e uma câmera digital.
O fato de os objetos estarem no Celta e queimarem junto com o veículo, indica, para a polícia, que não houve latrocínio (roubo seguido de morte), uma das muitas possibilidades estudadas pelo delegado que cuida do caso, João Batista de Camargo. A PC também já dá como descartadas outras duas hipóteses: a de “saidinha de banco” (roubo a clientes que deixam as agências bancárias com dinheiro) e de roubo de veículo, uma vez que o carro da vítima foi abandonado para ser queimado – como que para destruição de prova – e não levado para ser desmanchado e ter peças vendidas.
Até o momento, as investigações revelaram que Maria Angélica não teria feito movimentações bancárias no dia de seu desaparecimento. “Se não teve retirada de dinheiro, não tem por que haver a ‘saidinha’”, argumentou Andreucci. Existe ainda o fato de o corpo ter sido encontrado no banco do motorista e não do passageiro, um indicativo, conforme o delegado, de que a vítima conhecia o autor do crime. “É praticamente impossível um ladrão obrigar uma pessoa a dirigir mais de cem quilômetros sem que essa pessoa chame a atenção de ninguém, passando até por polícias nos pedágios”, citou o delegado.
A tese de que a professora teria dirigido até o local seria reforçada pela posição do banco do motorista. “Ele estava puxado para a frente”, disse Andreucci. O banco do carona, ao lado, estava mais afastado, indicando que o autor seria uma pessoa mais alta que Maria Angélica, que media pouco mais de 1,50 metro. “É bem provável, pelas características, que o criminoso seja homem”, afirmou o delegado, que já direciona as investigações para homicídio. “Tudo está convergindo para uma situação de assassinato. Então, agora, a polícia vai apurar quem matou e quais foram as causas da morte”, afirmou.
Neste sentido, a PC acredita que a professora tenha sido asfixiada, estrangulada, ou então tenha levado um golpe na cabeça e perdido a consciência. “Com ela desmaiada, o autor teria ateado fogo no carro”, especula Andreucci. Até o momento, o delegado já ouviu cinco testemunhas e deve conversar com outras mais. “Nos próximos dias, mais pessoas serão intimadas, entre elas, alunos da professora – que dava aula em duas faculdades e numa escola técnica -, bem como familiares e funcionários do condomínio onde ela construía uma casa”, adiantou.
Andreucci também deverá anexar, ao inquérito investigado por Piracicaba, informações referentes às quebras de sigilo telefônico e fiscal e bancário de Maria Angélica. “Familiares dela também tiveram os sigilos quebrados”, disse o delegado.
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